*Nº 0039 - FOI NO TEMPO DAS LAMPARINAS - SÉRIE: CONTOS FANTÁSTICOS DE MAYANDEUA



Era uma noite escura na floresta encantada. O Curupira, o guardião das matas, foi despertado por um som inusitado à porta de sua morada. Ouvia-se o latido do canino rabudo, um animal fiel que sempre o alertava sobre intrusos. Curupira, com seus olhos incandescentes, abriu a porta e, na língua dos animais, questionou o canino:

- Quem é o dono deste fogo?

Rabudo, com o rabo balançando, respondeu:

- É do moço velho e do moço novo!

No girau, um pequeno ser cadavérico jazia imóvel. Curupira, agora com os olhos ardendo ainda mais, sentiu a ira crescer. Seus dentes verdes cerraram-se em exaltação e agastamento, enquanto seus pés, conhecidos por estarem ao contrário, pareciam “normais” de tanta fúria.

Rabudo continuou:

- Esse fogo é pra assustar os carapanãs! Moço velho e moço novo “tão lá no mangal”.

Sem perder tempo, Curupira inquiriu:

- E esse bicho cutia, o que aconteceu?

Rabudo, com um tom de desaprovação, explicou:

- Ora Curupira, foi brincadeira do moço novo! Atirou e depois sorriu... “Tá des de ontem aí”. “Vê” só o fedor! Acho que nem vão tratar do bicho!

Com os olhos brilhando de raiva, Curupira correu em direção ao mangue. Um vento furioso atravessou o manguezal, como se a própria floresta compartilhasse da ira do guardião. Louco de fúria, Curupira pisava forte no solo, cada passo ecoando sua determinação.

(Suprimiria o velho e o novo, pensou ele).

E assim, num relance, a história do Curupira foi contada numa conversa de rede, onde a lenda do guardião das matas e sua justiça implacável ecoaria por gerações, lembrando a todos que a floresta e seus habitantes têm um protetor feroz, sempre atento e pronto para agir.


- Assim me contaram numa conversa de rede.


FIM

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Projeto Musical e Literário Primolius Nº 0039

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