Nº 0040 - HORAS MORTAS DE MAYANDEUA - POEMA

Um instante:
Sol do meio dia.
Prece para as horas mortas...
Pilão nas mãos de dona Rita...
Sombra eterna da velha ameixeira.
Um instante:
No “puleiro”, ovos acomodados.
Prece para as horas mortas...
Mulher e boto...
“Saliência” nos rios,
Todos brincam de parir,
Canoas amarradas,
Peixes escondidos,
Todos acomodados.


Um instante:
Feroz sol das treze horas...
Prece “pros” curupiras e caiporas...
Corpos e Energias das matas e manguezais...
Cuias, facões e chapéus em algum lugar,
Caboclo matutando o trabalho do amanhã.
Mayandeua nunca para... 
Nem nestas horas.

Um instante:
Peixes da maré matutina ainda sobre os “giraus”...
Carne de tatu queimada nas panelas,
Farinha de lata com os seus pães de Santo Antônio,
Potes encharcados das cacimbas encantadas...
Pilão nas mãos de dona Rita...
Soca os grãos de café...
Sombra eterna sob a grande mangueira.
Instantes de aqui... Redes nas cumeeiras...
Embalam-se os Mayandeuenses...
Por aqui, recantos e contos...
Enquanto a chuva logo, logo, caíra.

Uma prece “pros” caboclos.
Homem e Natureza rezam as suas crenças...
E na rede...
A dona Rita dorme a sesta destas horas mortas...
Tardes de Mayandeua.
(Bacuris caindo lá no fundo mata)

FIM

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Projeto Musical e Literário Primolius Nº 0040

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