* N° 0906 - PALMEIRES O GUARDIÃO DO COQUEIRAL - SÉRIE: CONTOS FANTÁSTICOS DE MAYANDEUA

 


No coração de um vasto e exuberante coqueiral, onde as palmeiras altas se inclinavam suavemente sob o sopro das brisas oceânicas e o verde das folhas parecia não ter fim, vivia uma criatura envolta em mistério e beleza: o gafanhoto do Coqueiro, conhecido pelos moradores locais como Palmeires. Seus movimentos graciosos e suas asas translúcidas refletiam o brilho do sol em uma explosão de cores, como se carregassem o arco-íris em cada salto.

Palmeires não era apenas mais um inseto da natureza; ele era uma presença enigmática que parecia compreender os segredos mais profundos daquele lugar. Suas asas vibrantes, ao captarem a luz dourada do sol poente, faziam-no parecer uma entidade mágica, e os padrões hipnóticos que criava ao saltitar entre as copas das palmeiras evocavam um magnetismo que atraía tanto humanos quanto outros habitantes da mata. Acreditava-se que ele era  um guardião que mantinha a harmonia entre o coqueiral Sua aparição entre os coqueiros era considerada um sinal de abundância e equilíbrio, uma promessa de colheitas generosas. Os nativos, ao avistarem Palmeires, acreditavam que sua visita traria sorte e proteção.

Mas a mágica de Palmeires  não se limitava ao seu voo colorido. Ao cair da noite, ele se tornava protagonista de um espetáculo quase sobrenatural. Quando o sol se punha o gafanhoto iniciava sua Sinfonia do Coqueiral, uma melodia suave que surgia de suas vibrações. A música, delicada e hipnotizante, ecoava entre as palmeiras como um sussurro vindo de tempos antigos. Não era apenas um som que preenchia o ar, mas uma melodia que tocava os corações de todos que a escutavam, trazendo calma e uma sensação de profunda conexão com a natureza.

Muitos diziam que suas canções tinham a habilidade de curar não apenas o corpo, mas também a alma.  Nos dias em que o gafanhoto aparecia mais próximo ao vilarejo, era comum que os anciãos entoassem canções de carimbó, em um gesto de gratidão pelas bênçãos e pela proteção que acreditavam vir do gafanhoto. Outra crença fascinante era a de quePalmeires  possuía o poder de realizar desejos. Os que tinham a sorte de cruzar seu caminho acreditavam que, se fizessem um pedido silencioso enquanto o observavam, ele levaria esse desejo aos antigos espíritos do coqueiral, que o tornariam realidade. Nas noites em que Palmeires cantava, o vilarejo todo entrava em um estado de celebração e contemplação. Os jovens faziam promessas de amor eterno, os pescadores renovavam suas esperanças de uma pesca farta, e os mais velhos agradeciam pela saúde e paz. Era uma época de comunhão entre todos os seres, humanos ou não, que habitavam aquele lugar.

E assim, Palmeires  com o seu voo elegante e sua melodia encantadora estava ali, sempre nos arredores daquela ilha encantada.

- Coisas de Maya!   


FIM

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Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0906

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