*Nº 0735 - PEIXE-FRITO - SÉRIE: CONTOS FANTÁSTICOS DE MAYANDEUA
Bem próximo ao Portal de Iniciação, Pedro tinha um gato chamado Peixe-Frito. Este felino vivia correndo pra lá e pra cá, atrás do vento, de nuvens, de areia, de tralhotos e de maré. Peixe-Frito conhecia bem o urso Esbório, outro habitante curioso da região. Danado esse gato! Nos momentos de descanso, Peixe-Frito dormia sob a rede de Pedro. Pela manhã, ele partia para a barriga de Pedro, pedindo pão. Durante as grandes tempestades, Peixe-Frito ficava quieto, olhando para seu boneco de pano sempre encharcado. Pedro também ficava quieto. No fundo, ambos tinham muito medo dos relâmpagos. E lá no mar, nas pedras, em Algodoal e em Mayandeua, tudo se tornava mais intenso nos meses de inverno. Pedro e Peixe-Frito, soltos na ilharga das dunas das praias, nos mangues e nas marés, viviam em liberdade, soltos no tempo das ilhas. Filhos naturais do vento, um homem e um gato, ambos precisavam do tempo, do vento e do sal. Companheiros das dunas, do mar e da vida, amigos inseparáveis, seres do vento.
As aventuras de Peixe-Frito começavam cedo, quando o sol ainda estava despontando no horizonte. Ele saía correndo pelas praias desertas, perseguindo o rastro das aves marinhas e farejando os restos deixados pela maré. Pedro, com seu chapéu de palha e pés descalços, seguia atrás, apreciando a beleza selvagem de Mayandeua. A cada nova descoberta, um sorriso surgia em seu rosto, refletindo a simplicidade e a felicidade de viver em harmonia com a natureza. Pedro observava com admiração aquele gato, sentindo-se orgulhoso do seu fiel amigo. Juntos, exploravam cada canto da ilha, desvendando seus segredos e histórias.
Nas noites de lua cheia, Pedro e Peixe-Frito sentavam-se na beira da praia, olhando para o céu estrelado. A luz da lua refletia nas águas, criando um espetáculo deslumbrante. Era nesses momentos que Pedro se sentia mais conectado com o universo, como se a própria ilha sussurrasse seus mistérios em seus ouvidos. Peixe-Frito, ao seu lado, parecia compartilhar da mesma contemplação silenciosa, seus olhos brilhando com a luz da lua. Durante os dias de tempestade, a ilha se transformava. Os ventos fortes e a chuva torrencial traziam um novo ritmo à vida de Pedro e Peixe-Frito. Eles se refugiavam em sua cabana, ouvindo o som da chuva batendo nos palheiros e o rugido dos trovões. Peixe-Frito, sempre ao lado de Pedro, mantinha seu olhar atento, como se pudesse proteger seu dono de qualquer perigo que se aproximasse. E Pedro, em troca, oferecia-lhe conforto e segurança, sussurrando palavras de carinho e coragem.
Nas manhãs seguintes às tempestades, a ilha parecia renascer. Pedro e Peixe-Frito saíam para explorar as mudanças trazidas pelo vento e pela água. Encontravam novos tesouros na areia, conchas, pedras e pequenos animais marinhos que haviam sido deixados pela maré. Cada descoberta era um presente, uma prova da eterna renovação da natureza. A vida em Mayandeua era simples, mas cheia de significado. Pedro e Peixe-Frito viviam em um ciclo de descobertas e aventuras, aprendendo a cada dia mais sobre a beleza e a fragilidade do mundo ao seu redor. Eles eram verdadeiramente filhos do vento e do mar, vivendo em perfeita harmonia com a natureza. E assim, no tempo das ilhas, continuavam sua jornada, dois amigos inseparáveis, compartilhando a magia e os mistérios de Mayandeua e Algodoal.
- Dizem que Peixe - frito é Encantado!
FIM
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Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0735