*Nº 0671 - REINO DAS ABELHAS ENCANTADAS - SÉRIE: CONTOS FANTÁSTICOS DE MAYANDEUA
No coração da Ilha de Algodoal, há um reino mágico conhecido como o Reino das Abelhas Encantadas de Maya, um lugar cercado de mistérios e encantos, onde a natureza floresce de maneira exuberante e única. A ilha é regida não pelos homens, como muitos poderiam imaginar, mas por essas abelhas especiais, que habitam os manguezais e as matas da ilha repletas de cajueiros, taperebazeiros e bacurizeiros. Cada flor que desabrocha nos mangueiros e nos taperebazeiros parece ser tocada por uma magia antiga, que torna a vida na ilha uma verdadeira ode à natureza.
As abelhas de Maya são veneradas por sua sabedoria e seu poder. Dizem que o mel que produzem tem propriedades sobrenaturais, capazes de curar os males do corpo e da alma. Esse mel é mais do que um simples alimento — é uma dádiva da própria terra, imbuída de forças místicas que só podem ser compreendidas por aqueles que têm o coração aberto para o que é invisível aos olhos. As luas, que guiam as marés e influenciam o ciclo da vida na ilha, estão intimamente ligadas ao trabalho das abelhas. É sob o brilho suave da lua cheia que elas realizam os rituais mais sagrados, colhendo o néctar das flores adormecidas e transformando-o em seu precioso mel encantado.
Maya, a guardiã espiritual desse reino, é vista como uma deusa das abelhas e da natureza. Ela lhes deu o dom da magia e confiou-lhes a proteção da ilha. Segundo as histórias contadas por um velho guardião, que também é pescador, as abelhas de Maya controlam boa parte da ilha. Elas decidem quando as flores dos cajueiros e dos bacurizeiros florescerão e quando os frutos serão abundantes ou escassos. Elas conversam com os ventos e com as águas, harmonizando os elementos para manter o equilíbrio delicado entre os habitantes da terra, do céu e do mar.
Esse guardião, um homem de olhos cansados, mas que carrega a sabedoria de gerações, vive à beira das águas, e sempre que pode, avisa aos moradores e visitantes da ilha que as abelhas são as verdadeiras soberanas de Algodoal. "Elas que mandam", ele diz, com a voz rouca e o olhar fixo nas dunas ao longe. O pescador conta que, em noites de lua nova, quando a escuridão toma conta do céu e só se ouve o canto das ondas, as abelhas sussurram segredos , moldando os destinos daqueles que vivem sob sua proteção.
Os cajueiros, com suas folhas largas e frutos vermelhos, e os bacurizeiros, com seus troncos robustos e bacuris dourados, são os templos naturais onde essas abelhas trabalham incansavelmente. Entre os mangueiros, a vida pulsa, e a dança das abelhas se mistura com o ritmo das marés. Ao amanhecer, as flores do taperebá se abrem, oferecendo-se à luz dourada do sol e às abelhas de Maya, que, diligentemente, colhem o néctar para produzir o mel encantado.
Os habitantes de Algodoal sabem que não se deve perturbar as abelhas. Elas são protetoras severas, mas justas, que punem aqueles que desrespeitam as leis da natureza. Quem tenta explorar seus domínios sem reverência logo descobre o poder de sua fúria. No entanto, para aqueles que as honram e cuidam da ilha, as abelhas de Maya oferecem sua proteção e bênçãos. O mel que produzem é mais do que alimento — é um elo entre os mundos, um portal para o que é sagrado e misterioso. As luas guiam o ciclo das abelhas, que, por sua vez, guiam a vida na ilha. Algodoal é um lugar onde a natureza e o misticismo se entrelaçam, e as abelhas encantadas de Maya são as tecelãs desse destino. Elas são as verdadeiras rainhas de Algodoal, regendo com sabedoria e força, sob a proteção de Maya, a deusa-mãe das abelhas e guardiã da ilha.
- Asim narrou Primolius!
FIM
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Projeto Literário e Musical Primolius N° 0671