*Nº 0660 - OIRESPER O UNICÓRNIO - SÉRIE: CONTOS FANTÁSTICOS DE MAYANDEUA
Oiresper era um unicórnio diferente dos outros. Ele não gostava de ficar só no seu mundo encantado, onde tudo era perfeito e sem graça. Ele gostava de explorar outros lugares, conhecer outras criaturas, viver outras aventuras. Por isso, ele sempre pedia aos encantados que o levassem para o Vale da Princesa, uma ilha mágica onde havia um mar verde e uma floresta de mangues. Um dia, ele chegou ao Vale da Princesa e se encantou com a beleza do lugar. Ele correu pela areia, pulou nas ondas, sentiu o vento nos seus pelos. Estava tão feliz que nem percebeu que estava sendo observado por um siri que morava na praia.
O siri se chamava André Nalina e era muito curioso. Ele queria saber tudo sobre aquele animal estranho que tinha um chifre na cabeça e um arco-íris na cauda. Ele se aproximou devagar e disse:
— Olá, quem é você?
Oiresper se assustou com a voz do siri, mas logo se acalmou. Ele viu que o siri era pequeno e simpático, e resolveu responder:
— Olá, eu sou Oiresper, um unicórnio. E você?
— Eu sou André Nalina, um siri. Você é muito bonito, Oiresper. De onde você vem?
— Eu venho de um mundo encantado, onde todos os unicórnios vivem a viajar pelos portais deste planeta. Mas eu gosto de viajar sempre para esta ilha.
— Que legal! Eu também gosto de viajar, mas eu só posso andar pela praia e pelo mar. Eu queria conhecer a floresta, as montanhas, o céu…
— Você quer conhecer o céu? — perguntou Oiresper, com uma ideia na cabeça.
— Sim, eu queria muito! Mas como eu posso fazer isso? Eu não tenho asas…
— Você não precisa de asas. Você só precisa de mim. Eu posso te levar para um passeio pelo ar. Você quer?
— Quero sim! Mas como vamos fazer isso?
— É fácil. Você só precisa se segurar em alguma parte do meu corpo e eu vou voar com você.
— Mas em que parte do seu corpo eu posso me segurar?
— Você pode escolher. Você pode se segurar no meu chifre, na minha crina, na minha cauda ou nas minhas patas.
— Hum… eu acho que vou escolher a sua cauda. Ela é tão colorida e macia…
— Então está bem. Venha cá e se agarre na minha cauda.
André Nalina fez o que Oiresper disse e se agarrou na cauda do unicórnio com suas pinças. Oiresper sentiu o peso do siri no seu corpo e disse:
— Pronto? Vamos lá!
Então ele começou a correr pela areia, ganhando velocidade e impulso. Quando chegou à beira do mar, saltou alto e abriu as asas invisíveis que só os unicórnios têm. Começou a voar pelo céu azul, levando André Nalina consigo. O siri ficou maravilhado com a sensação de voar. Ele viu a ilha inteira lá de cima: a praia branca, o mar brilhante, a floresta densa, as montanhas altas. Sentiu o vento no rosto, o sol na carapaça, a liberdade no peito. Ele gritou de alegria e disse:
— Obrigado, Oiresper! Isso é incrível! Eu nunca me senti tão feliz na minha vida!
— De nada, André Nalina! Eu também estou feliz por ter te conhecido. Você é um amigo muito especial.
Eles voaram por toda a ilha, vendo as paisagens e as criaturas que viviam ali. Divertiram-se muito e tornaram-se grandes amigos. Só pararam de voar quando se cansaram e sentiram fome. Pousaram na praia e comeram algumas frutas que Oiresper colheu na mata.
Depois de comerem, conversaram um pouco e se despediram. Oiresper disse que tinha que voltar para o seu mundo, mas prometeu voltar um dia para visitar André Nalina. Disse que ia trazer um amigo para ele conhecer, um Paturú chamado Leostelmo, que era metade urubu e metade pato. André Nalina ficou curioso com o paturú e disse que ia esperar ansioso pela volta de Oiresper. Agradeceu mais uma vez pelo passeio e pelo carinho. Despediram-se e desejaram boa sorte.
Oiresper voltou para o seu mundo encantado, mas não esqueceu do seu amigo siri. Contou para os outros unicórnios sobre a sua aventura no Vale da Princesa e sobre o siri André Nalina. André Nalina voltou para o seu lugar na praia, mas não esqueceu do seu amigo unicórnio. Contou para os outros siris sobre o seu passeio pelo céu e sobre o unicórnio Oiresper. E assim ficaram, cada um no seu mundo, mas unidos pelo coração. Esperavam pelo dia em que se encontrariam de novo e viveriam novas aventuras juntos.
Mas esta é uma outra história, pois o Paturú Leostelmo deu muito trabalho por aqui.
FIM
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Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0660