Nº 0647 - MARAVENTOS - COORDENADA GEOGRÁFICA 48 - CARTOGRAFIA DO IMAGINÁRIO POPULAR DE MAYANDEUA

 


Era uma vez uma terra encantada chamada Maraventos. Nesse lugar mágico, as gotas de chuva dançavam no ar, trazendo consigo segredos do mar e histórias a serem contadas. As ondas se formavam em perfeita harmonia, enquanto as folhas dançavam ao vento, criando uma sinfonia natural. Nesse cenário encantador, as espumas brincavam nas praia, trazendo um encantamento único. Era como se a natureza estivesse viva, expressando sua magia em cada gota de chuva que caía. As gotas, por sua vez, eram como notas musicais que se uniam em uma melodia celestial, em perfeita sintonia com o ritual da vida.

Dizem que nessas terras habitavam seres encantados, seres misteriosos vivem  nos mares, lagos e recantos abençoados. Os murmúrios desses seres se misturavam com o som da chuva, trazendo uma atmosfera de encanto e mistério. Era como se a natureza e o mundo dos seres mágicos se entrelaçassem, compartilhando segredos ancestrais e preservados ao longo dos tempos. A chuva caía suavemente sobre a terra, congelando o corpo e a alma, trazendo uma sensação de calma e quietude. Era um convite para que os moradores de Maraventos se abrigassem do temporal e contemplassem a transformação que ocorria ao seu redor. Os pingos de chuva, à medida que tocavam o solo, transformavam o cenário atual, lavando as dores e os desenganos, renovando a esperança e desfazendo enganos.

Os ares do frescor das águas se espalhavam pela região, percorrendo distâncias sem fim. Eles buscavam palhas, telhas e redes de dormir, procurando abrigos aconchegantes para trazer alívio e frescor. A imaginação era atiçada e o amor despertava, enquanto a natureza realizava sua dança sagrada. A madeira e o carvão, que antes ecoavam sons e histórias, agora se calavam em silêncio. Os ventos sussurravam suavemente, soltos pela ilha no lençol do sono encantado. As redes de dormir balançavam, inquietas e serenas, enquanto tudo ao redor se renovava, se limpava e se acenava para um novo começo.

As vestes brancas da areia eram lançadas ao mar, como oferendas no amanhecer, simbolizando a purificação. Às seis da manhã, a natureza despertava com vigor e lá nas dunas, o sol se mostrava imponente, como um senhor que trazia a luz para iluminar a paisagem. Maraventos neste momento deslumbrava a essência de Mayandeua. As dunas revelavam a sua magia. Pinturas efêmeras eram criadas na areia  em perfeita harmonia com o vento. Caminhos eram cortados pelo ar, traçados no infinito, enquanto a chuva persistia, em um ritmo bendito. O sol, por sua vez, partia em busca de outros Nortes, deixando os céus adornados com nuvens em cortes, anunciando a chegada de uma chuva mais intensa. Mayandeua acalentava aquele lugar. 

As possas se formavam, aglomerando-se na terra, criando marés nas terras dos Maracanãs. As águas do céu e do mar se uniam em harmonia e rebuliço, envolvendo os corações com viço. Eram possas de tudo, formando lagos, entre eles o da Princesa, espelhos do céu, refletindo as cores do arco-íris, um presente singelo que transbordava sentimentos e emoções que só têm por aqui. No inverno de Mayandeua, com seus mistérios lunares, aquele espaço se transformava em um convite à contemplação e aos sonhos singulares. 

A noite estrelada envolvia os corações, trazendo histórias encantadas que se entrelaçavam com os versos de muitos  poemas esperançosos   e estórias de Encantados que por lá existem. E assim  a ilha se completava, em uma dança de palavras que retratavam a magia da chuva, do mar e das águas que abraçavam aquela  ilha encantada.  A cada gota que tocava o solo, uma nova realidade se formava, trazendo consigo a renovação e a purificação  de Homens e Encantados. 

Os moradores  sabiam apreciar cada momento da chuva. Eles observavam as vestes brancas da areia serem lançadas ao mar, como uma oferenda para purificar e renovar. A chuva persistia, trazendo consigo possas que refletiam o céu e as cores do arco-íris. Era um espetáculo de sentimentos e emoções transbordantes. As águas do céu e do mar se uniam em uma dança harmoniosa, envolvendo os corações com vida e vitalidade. No inverno de Mayandeua, os mistérios lunares se tornavam ainda mais presentes. 

E assim, a crônica chegava ao fim, celebrando a chuva, o mar e o eterno marulhar das águas. Era uma celebração à natureza e sua capacidade de se renovar, de nos presentear com sua magia e nos lembrar da importância da gratidão por todas as bênçãos que nos cercam. Em Maraventos, a chuva era mais do que apenas água caindo dos igarapés do  céu... 

Tudo ali, simplesmente.... 

Era renovado diariamente.


- Era uma vez uma terra encantada chamada Maraventos.


FIM

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Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0647

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