ALÉM DE UM SIMPLES ISOLAMENTO Nº 0509 - CRÔNICA

 


Era uma manhã chuvosa e nublada, típica de uma estação chuvosa na Amazônia. Lyendrus, um homem de meia-idade com cabelos grisalhos e olhos cansados, olhava pela janela de sua modesta casa nas profundezas da floresta. A chuva caía incessantemente, transformando o cenário em um manto úmido e verdejante. Havia algo de mágico naquela paisagem, mas também uma sensação de solidão que o consumia. Lyendrus vivia ali, isolado do mundo exterior, há anos. Ele havia escolhido esse isolamento voluntário como uma forma de fugir de suas próprias angústias e traumas do passado. Mas agora, olhando para fora, ele começou a se perguntar se esse isolamento era realmente a resposta.

A casa, embora simples e afastada, era acolhedora. As paredes de barro exalavam o aroma reconfortante da floresta tropical, e o fogo crepitava no canto da sala. Lyendrus havia construído uma vida solitária ali, vivendo da terra e das escassas interações com os poucos habitantes locais distantes. No entanto, algo dentro dele começou a mudar naquele dia. Ele percebeu que, apesar da exuberância da natureza ao seu redor, ele estava perdendo algo importante. A solidão havia se transformado em um fardo, e ele ansiava por algo mais do que a companhia silenciosa das árvores e dos animais selvagens.

Decidido a quebrar a monotonia de sua existência, Lyendrus começou a tomar pequenas medidas. Ele fez um esforço para se reconectar com velhos amigos e familiares da região, escrevendo cartas e fazendo visitas nas vilas próximas. A princípio, foi difícil, pois ele havia se afastado de todos por tanto tempo. Mas, aos poucos, esses gestos o ajudaram a reacender velhas amizades. Ele também decidiu explorar a mata de maneira mais profunda, percorrendo trilhas menos conhecidas e explorando os rios e igarapés da região. À medida que se aventurava por locais desconhecidos, Lyendrus começou a se sentir mais conectado à natureza e à sua própria essência.

Enquanto as estações passavam, Lyendrus gradualmente deixou de se ver como um homem isolado. Ele percebeu que a vida não era apenas de  sobrevivência, mas também sobre compartilhar experiências e criar memórias com os outros. A casa na mata ainda era seu refúgio, mas agora era um lugar onde ele podia receber visitas e compartilhar histórias de vida com os habitantes locais.

O isolamento que antes parecia uma salvação transformou-se em uma prisão auto imposta. Lyendrus descobriu que a verdadeira riqueza da vida estava além de um simples isolamento. Era o calor das relações humanas, a beleza da natureza compartilhada e a capacidade de se reinventar que o trouxeram de volta à vida. Ele percebeu que, mesmo na mata mais densa, a solidão podia ser vencida quando se escolhe abrir o coração para o mundo ao redor.

- Assim ele comprou um novo rádio de pilha. 

(Seu novo bem querer !)


FIM

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Projeto Literário e Musical Primolius Nº 0509

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