* Nº 0448 - ESTRELAS E PALAVRAS - SÉRIE: FÁBULAS DE MAYANDEUA

 



(Carta Semanal - Mayandeua)

Era uma noite silenciosa, quando o mundo parecia adormecido sob um manto de veludo negro. Lá no alto, as estrelas brilhavam timidamente, como pequenas lanternas espalhadas pelo céu. Mas entre todas elas, uma se destacava com um fulgor especial. Seu nome era "Estrela de Maya" a mais bela e misteriosa das estrelas. Ela dançava sobre o horizonte, como se desejasse ser notada por alguém que pudesse compreender sua luz.

Nessa mesma noite, um homem sentado à beira de um rio ergueu os olhos para o céu. Ele era diferente dos outros homens; sua alma era feita de poesia, e seu coração pulsava em harmonia com as marés do universo. Quando seus olhos encontraram Mayandeua, ele ficou imóvel, fascinado. Parecia que o tempo havia parado, e o mundo ao seu redor desapareceu. Ele contemplou aquela estrela por horas, como quem descobre um tesouro escondido.

Maya tornou-se sua companheira constante. Em noites frias de inverno, ela aquecia seu espírito; em noites quentes de verão, trazia-lhe promessas de renovação. Para o homem, ela não era apenas uma estrela, mas uma ponte entre o terreno e o celeste, uma presença eterna que testemunhava seus pensamentos mais profundos e suas emoções mais íntimas. Inspirado por sua luz, ele começou a escrever cartas para ela.

Cada carta era uma declaração de amor àquela luminosa viajante cósmica. As palavras fluíam de sua pena como rios de luz, dançando nas páginas como partículas estelares. Ele sabia que nunca receberia uma resposta, mas isso não importava. A conexão que sentia com Maya era tão profunda que parecia tocar algo além do visível, algo que transcendia o próprio universo.

Mas, como tudo na vida, até mesmo as estrelas têm destinos incertos. Um dia, o homem percebeu que Mayandeua começava a perder seu brilho. Seu fulgor vibrante foi se apagando lentamente, como uma vela que luta contra o vento até sucumbir. O coração do homem encheu-se de melancolia ao ver sua amada estrela desvanecer-se. Era como se ela tivesse arrancado um pedaço de sua alma e o lançado em direção a um novo mundo, desconhecido e distante.

Mesmo assim, ele continuou escrevendo suas cartas. Cada linha era uma reverência à memória de Maya, cada palavra carregava o peso da saudade e do encantamento. Ele sabia que as estrelas são viajantes livres, destinadas a cruzar o firmamento sem amarras. Assim como a chuva que lava os olhos e limpa as janelas da alma, Maya seguiu seu curso celeste, deixando o homem com saudades e uma melancolia poética que ele jamais esqueceria.

Embora ela tivesse partido, sua luz ainda ecoava dentro dele. Ele percebeu que, embora não pudesse possuí-la, a beleza de Maya havia tocado profundamente sua existência. E assim, livre e serena, a estrela buscava outras luzes maiores, enquanto o homem continuava a produzir novas cartas, sedento por novas experiências, esperando o próximo lampejo de luz que cruzasse seu caminho.

- Primolius inspirado!

Moral da história: Assim como Maya, a poesia da vida está nas breves conexões que fazemos com o universo. Não precisamos possuir as coisas para sermos tocados por sua beleza. Às vezes, basta admirar sua luz, mesmo que ela esteja destinada a seguir seu próprio caminho. Porque, no fim, o que fica são os ecos dessas conexões, gravados em nossos corações como estrelas eternas.



FIM

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Projeto Musical e Literário Primolius Nº  0448


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