*Nº 0430 - AVENTURA DE AMIGOS - CONTOS FANTÁSTICOS DE MAYANDEUA
Eram amigos inseparáveis, sempre prontos para explorar os mistérios da ilha e viver aventuras inesquecíveis. Um dia, enquanto nadavam nas águas cintilantes da lagoa, Sereia Azul teve uma ideia:
— Já ouviram falar da caverna submersa? Dizem que lá dentro há um tesouro antigo!
Os olhos de todos brilharam de curiosidade. Saci ajustou sua carapuça vermelha e respondeu:
— Então vamos lá! Não podemos deixar um segredo desses escondido!
Sereia Azul os guiou até a entrada da caverna, que ficava sob as águas tranquilas da lagoa. Com sua graça natural, ela mergulhou primeiro, abrindo caminho para os outros. Curupira prendeu a respiração, Mapinguari se encolheu para caber, e Bruxa Camaleoa tingiu sua pele de azul-claro para se camuflar nas águas.
Dentro da caverna, era como se o tempo tivesse parado. O ar estava impregnado de magia, e as paredes reluziam com pedras preciosas que brilhavam como estrelas. Havia colares de pérolas, coroas douradas, adagas cravejadas de rubis e esmeraldas tão verdes quanto as folhas da floresta.
— Que lugar incrível! — exclamou Curupira, maravilhado, enquanto pegava uma esmeralda que parecia capturar a luz da própria lua.
— Cuidado! — alertou Bruxa Camaleoa, cuja pele agora refletia tons de cinza, sinal de preocupação. — Essas coisas podem ter dono.
— Dono? — perguntou Mapinguari, com sua voz grave ecoando pela caverna. — Quem seria?
— Talvez algum dragão ou monstro marinho — sugeriu Saci, girando sua carapuça com um sorriso travesso.
— Não sejam medrosos — disse Sereia Azul, sacudindo seus cabelos azuis. — Vamos aproveitar esse achado.
Animados, começaram a recolher algumas peças do tesouro, colocando-as em uma sacola que Saci carregava consigo. Estavam tão distraídos admirando as cores e os brilhos que não perceberam quando a caverna começou a tremer.
— O que está acontecendo? — gritou Curupira, assustado.
— Parece um terremoto! — respondeu Bruxa Camaleoa, agora completamente cinza de medo.
— Não é um terremoto — disse Sereia Azul, apontando para o fundo da caverna. — É ele!
Viraram-se e viram uma criatura colossal emergindo das sombras. Era um polvo gigante, com tentáculos poderosos e olhos vermelhos que brilhavam de raiva. Ele rugiu, lançando jatos de tinta negra pelo ambiente.
— Devolvam o que é meu! — trovejou o polvo, avançando sobre eles.
— Fujam! — ordenou Saci, puxando a sacola.
Mas o polvo foi mais rápido. Seus tentáculos agarraram Curupira primeiro. Ele lutou para se soltar, mas foi inútil.
— Socorro! — gritou, desesperado.
— Solte-o! — ordenou Bruxa Camaleoa, pronunciando um feitiço com urgência:
"Pela luz do sol e da lua,
pelo brilho das estrelas e do fogo,
faça com que este polvo fique cego
e nos deixe escapar deste jogo!"
Uma pedra caiu sobre a cabeça do polvo, mas ele nem pareceu notar. Em seguida, Mapinguari foi capturado. Ele mordeu o tentáculo com sua boca no umbigo, mas o polvo continuou indiferente.
— Me ajudem! — clamou o gigante.
— Largue-o! — exigiu Saci, jogando uma bombinha que explodiu perto do polvo. Mesmo assim, a criatura permaneceu imóvel.
Por fim, Sereia Azul foi presa. Ela cantou uma canção hipnótica, mas o polvo não se rendeu.
— Por favor! — suplicou ela, com lágrimas nos olhos.
Foi então que Bruxa Camaleoa usou sua última cartada. Ela conjurou uma luz ofuscante que cegou o polvo por alguns segundos. Aproveitando a distração, ela pegou a sacola de Saci e a jogou de volta para dentro da caverna.
— Tome seu tesouro de volta! — gritou. — Nós não queremos mais!
O polvo soltou os três amigos e voltou sua atenção para a sacola. Quando viu que tudo estava lá, ele rugiu em aprovação:
— Isso mesmo! E não voltem mais aqui!
Com o tesouro recuperado, o polvo gigante retornou ao seu esconderijo, deixando os amigos livres para fugir. Nadaram o mais rápido que puderam até saírem da caverna, onde finalmente puderam respirar aliviados.
— Ufa! Foi por pouco! — disse Curupira, ainda tremendo.
— Graças à Bruxa Camaleoa! Ela nos salvou! — elogiou Mapinguari.
— Você foi muito corajosa! — acrescentou Sereia Azul, com um sorriso grato.
Bruxa Camaleoa corou, sua pele assumindo um tom vermelho vivo de vergonha.
— De nada! — murmurou, timidamente.
Os quatro se abraçaram e prometeram nunca mais mexer com o tesouro do polvo gigante. No caminho de volta para a ilha, riram das próprias trapalhadas e sonharam com novas aventuras.
— Mas segundo Primolius — disse Saci, piscando um olho —, eles aprontaram outras… Depois ele contará para nós.
E assim, sob o céu estrelado, os amigos seguiram em frente, sabendo que a magia da ilha sempre reservaria surpresas para aqueles que ousassem explorá-la.
E assim o dia termina com mais uma aventura na ilha encantada de Mayandeua.
FIM
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Projeto Musical e Literário Primolius Nº 0430