*Nº 0359 - ROSINHA - SÉRIE: CRÔNICAS DE MAYANDEUA

 


O convite para a festa de São João em uma pequena ilha é, antes de tudo, um tributo às tradições e à rica cultura da região. A vila, com suas ruas de terra batida e casinhas coloridas, ganha nova vida durante essa época do ano, quando a comunidade se une em celebração. À noite, a praça central se transforma: fogueiras crepitantes iluminam rostos felizes, e o ar fica impregnado pelo aroma irresistível das comidas típicas. As festas juninas são marcadas por entusiasmo coletivo, onde todos têm um papel especial.

As crianças correm animadas, soltando fogos de artifício e brincando de quadrilha, enquanto as mulheres preparam iguarias como bolo de macaxeira, canjica e mingau de milho. Essas delícias são dispostas sobre mesas decoradas com toalhas de chita e enfeitadas com flores de papel, criando um cenário encantador que reflete o espírito simples e acolhedor da vila.

No centro dessa magia está Rosinha, a jovem mais encantadora do lugar. Com seus cabelos adornados por uma flor de jasmim e seu vestido de chita esvoaçante, ela brilha sob a luz das fogueiras. Sua beleza exterior, no entanto, é apenas um reflexo de sua vivacidade, simpatia e bondade. Conhecida e querida por todos, Rosinha é o coração pulsante da festa, cujo sorriso parece rivalizar com as estrelas no céu.

A música ecoa pela praça, carregando consigo o ritmo contagiante do carimbó. Os tambores ressoam, as maracas chocalham, e ninguém consegue ficar parado. Homens tocam banjo e outros instrumentos tradicionais, enquanto as mulheres giram em danças graciosas, suas saias rodadas desenhando círculos no ar. A praça se torna um grande salão de baile a céu aberto, onde risos e cantos se misturam em perfeita harmonia.

O ápice da noite chega com a apresentação do boi-bumbá, uma tradição que combina dança, música e teatro. O boi Estrela de Maya , coberto de fitas coloridas e sinos reluzentes, entra em cena, acompanhado por brincantes que encenam histórias e lendas locais. A energia é indescritível: a música cresce, os passos se aceleram, e o público vibra ao acompanhar a dança do boi, que salta e corre pela praça, arrancando gargalhadas e aplausos entusiasmados.

Quando as fogueiras começam a se apagar e a lua cheia assume seu lugar no céu, Rosinha se aproxima do rapaz que a convidou para a festa. Ele, nervoso mas determinado, oferece-lhe um anel de prata e um buquê de flores. É um momento de emoção pura, selado por um beijo sob a luz do luar. Ali, naquela praça mágica, promessas são feitas, e o futuro começa a tomar forma.

As festividades seguem até o amanhecer, com mais danças, risos e conversas calorosas. Cada gesto, cada nota musical e cada detalhe das celebrações reforça os laços comunitários e a identidade cultural daquela gente. Para Rosinha, aquela noite será inesquecível, não apenas pela alegria compartilhada, mas também pelo amor que floresceu em meio às tradições. Na simplicidade da vila e na grandiosidade da festa, todos encontraram algo especial: a certeza de que suas raízes são tão fortes quanto o desejo de continuar celebrando a vida, ano após ano. 

- Coisas "de aqui"...


FIM



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Projeto Musical e Literário Primolius Nº 0359




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