* Nº 352 - BELÉM, BELÉM, BELÉM - SÉRIE: A POESIA DE MAYANDEUA




(Direto de Mayandeua) 

Pingos desmoronando-se das folhas das mangueiras,

Alguns pássaros esfomeados se confortam nos frutos,

Banquetes destas praças,

Pingo, pingando...

Mangueira pingando,

Fruto pingando sumo.

Paralelepípedos encharcados,

Valas abarrotadas de mangas,

Sabor, cheiro e alegria nas intersecções,

Avisam que o tempo cheiroso chegou.

Tocam os sinos,

Basílica abraça os paraenses,

Pingo caindo...

Belém no agora é mais Belém.

Vento de mar no semblante de quem passa,

Ritos, poesia e música nas praças,

Crianças percorrem por entre o vento confortante,

Bolhas de sabão nas esquinas,

Ursa Maior de folhas,

Habitat verde para os pássaros paraenses...

Periquitos chegando à sumaumeira.

Pinga o chuvisco,

Penas voando na Avenida Nazaré,

Procriam os seres,

Namorados em seu primeiro beijo na grama,

Poesias latejam nos papéis.

Pingos nas casas, edifícios, cinemas e crucifixos...

Mundo dos pingos,

Mundo das águas encantadas,

Mundo da pluviometricidade...

Mundo das mangueiras...

Colibris, 

Vestígio da liberdade certeira, 

Esconderijo da solidão silenciosa, 

Aguerrida dos ventos nos sobrados mangueirais, 

Belém do Pará, 

Roupas de folhagens gentis, 

Ébria de formas juvenis 

Banhos de flores das mangueiras. 

Vidas de tantas vidas, 

Ousada atrevida em suas praças de amor. 

Torre dos anjos guajarinos, 

Torres dos periquitos e sabiás, 

Galante por existir. 

Colibris, 

Belém do Pará, 

Vida de tantas vidas... 

Dos teus muros verdejantes, 

Hei de pertencer a tua história. 

Poesia viva... 


- Belém do mundo.

- Belém do Pará.


FIM 


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Projeto Musical e Literário Primolius Nº 352


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